Em julho deste ano, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de
Cambridge proclamou que humanos não são os únicos seres conscientes.
"Animais não-humanos como mamíferos e aves, e vários outros, incluindo o
polvo, também possuem as faculdades neurológicas que geram
consciência", declarou o grupo, na chamada Declaração de Cambridge.
Todo mundo sabe que os animais têm consciência. Eles percebem e entendem
seu entorno. E muitos, entre eles golfinhos, elefantes e alguns
pássaros, são inclusive auto-conscientes. Eles possuem um certo senso de
si. Ok, pode ser que um cachorro não saiba quem é do mesmo jeito que eu
e você sabemos quem somos. Mas o ponto é: mesmo que não saibam quem
são, eles têm consciência de sua própria dor.
Os pesquisadores descobriram mais do que isso. Sabemos, por exemplo, que
ratos e galinhas sentem empatia. Eles conseguem se colocar no lugar dos
bichos ao redor e sentem pena ao vê-los sofrer. Elefantes vivenciam
alegria, luto e depressão. Lamentam a perda dos amigos, assim como os
cães, chimpanzés e raposas vermelhas. Os polvos foram protegidos de
pesquisas invasivas no Reino Unido bem antes dos chimpanzés, pois os
cientistas já haviam reconhecido que eles são conscientes e sentem dor.
Hoje muita gente ainda não quer admitir esses fatos científicos, pois
terão de mudar a forma como tratam os animais. Na verdade, temos de
tratar todos os animais da mesma forma, com compaixão e empatia - sejam
eles os "animais humanos" como nós, sejam todas as outras espécies.
Estima-se
que 25 milhões de ratos, pássaros, peixes e outros animais sejam usados
todo ano em experimentos de laboratório. Muitos passam por um
sofrimento terrível durante os testes e a maioria sofre "eutanásia" -
são mortos - depois. As pessoas justificam atitudes assim dizendo que
vão ajudar os humanos. No entanto, mais de 90% das drogas que funcionam
em animais não têm o mesmo efeito em nós. Menos de 10% delas nos ajudam
de fato. Além disso, já existem formas de pesquisa que não maltratam os
animais. Em lugar de gotejar xampu nos olhos de coelhos imobilizados,
por exemplo, podemos usar modelos de computador para simular a ação do
produto sem dano algum. Portanto, não se trata apenas de um desperdício
de animais; é um desperdício de tempo e dinheiro que poderiam ser
investidos em outras alternativas.
Devemos aplaudir a Declaração de Cambridge. Ela
não traz nada de novo, mas mostra que cientistas famosos finalmente
admitem que animais têm consciência. A declaração é mais uma prova de
que devemos tratar os animais com todo o respeito. E reconhecer que eles
não querem sentir dor, do mesmo jeito que nós não queremos. Seria
perigoso fazer esse tipo de distinção. Todos os animais devem ser
tratados como indivíduos. Ainda vai levar tempo para que isso aconteça.
Mas a boa notícia é que cada vez mais pessoas aderem a essa ideia.
fonte: superinteresante
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